Cleidiana Ramos

Jornalismo

Cleidiana Ramos nasceu em Cachoeira, cidade do recôncavo baiano, em 6 de março de 1975. É filha de Ana Costa Ramos e Pacífico Teixeira Ramos. Cresceu em Iaçu, território do Piemonte do Paraguaçu, na Chapada Diamantina, município pelo qual tem um amor incondicional. Em 1993 mudou-se para Salvador para realizar o seu projeto de seguir carreira no jornalismo.  Começou os estudos na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom-Ufba) em 1994. 

Como projeto de final de curso, orientado pela professora Rosângela Vieira Rocha, desenvolveu uma grande reportagem intitulada Os Caminhos da Água Grande, que, por sugestão da banca examinadora foi publicada como livro-reportagem. A obra analisa a constituição do território do município de Iaçu, as lutas de produtores rurais pela posse da terra na década de 1970, a relação do município com o Rio Paraguaçu e os problemas que atrapalham o desenvolvimento da localidade. Lançado em agosto de 1998, Os Caminhos da Água Grande completa também 25 anos em 2023. 

Com quinze dias de graduada em jornalismo, Cleidiana foi admitida para um teste no jornal A Tarde. Foi contratada em 1º de junho de 1998 como repórter. Em A Tarde integrou a editoria de Cidade, de Domingo e participou da elaboração e desenvolvimento de projetos especiais com destaque para os chamados Cadernos da Consciência Negra publicados, anualmente, em 20 de novembro. O projeto foi realizado de 2003 a 2015 e venceu prêmios como o Banco do Nordeste (2009) e o Abdias do Nascimento (2013) além de ter sido finalista de edições do Prêmio Imprensa Embratel (2004 e 2006) e do Abdias Nascimento em 2012. 

Por conta do trabalho especializado em questão étnico racial e culturas, Cleidiana Ramos recebeu o título de cidadã de Salvador em 2006, além de outras comendas como a do Ministério Público da Bahia, em 2007, na comemoração dos dez anos de implantação da Promotoria de Combate ao Racismo.

Em A TARDE também se especializou na cobertura de religião, eventos históricos e Carnaval. De 2011 a 2013 foi coordenadora da cobertura de Carnaval, além de ter atuado como sub coordenadora de 2004 a 2010. 

Como repórter de A TARDE realizou duas coberturas internacionais: a visita ao Brasil do Papa Bento XVI, em 2007, pois devido à condição do líder da Igreja Católica como chefe de estado, mesmo tendo sido no Brasil foi considerado um evento internacional ; a conferência de combate ao racismo do Japper, acordo bilateral entre EUA e Brasil, que foi realizada em 2010 em Atlanta, EUA.  

Após 17 anos, Cleidiana Ramos saiu de A TARDE em 2015, mas em 2019 foi convidada para retornar em um projeto especial devido à canonização de Irmã Dulce, processo que ela acompanhou desde as fases iniciais. A cobertura incluiu a viagem a Roma para acompanhar a cerimônia, o que configurou seu segundo trabalho em canonização de santos. O primeiro foi durante a visita de Bento XVI ao Brasil, quando ocorreu a canonização de frei Galvão. Além disso, Cleidiana cobriu as beatificações de Irmã Lindalva Justo em 2007 e de Irmã Dulce em 2011, ambas realizadas em Salvador. 

Em outubro de 2020, Cleidiana Ramos começou a desenvolver o projeto A Tarde Memória, uma ação multimídia que consiste no desenvolvimento de conteúdo a partir de peças do acervo do Centro de Documentação A TARDE (Cedoc A Tarde). A coluna tem inserções em A Tarde FM e no Portal A Tarde.  Em setembro de 2022 passou a produzir e coordenar o REC A Tarde, um programa para o Youtube ampliando a cobertura em Memória Social do Grupo A Tarde.  Além disso, Cleidiana Ramos atualmente é curadora do Cedoc A Tarde, o que envolve ações de gestão e desenvolvimento de projetos para a digitalização do material documental do acervo.   

Universidade 

Paralela à carreira no jornalismo, Cleidiana Ramos, desde 2008 tem atuado como professora universitária. Sua primeira experiência no ensino superior foi no Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge). 

No mesmo período estava cursando o mestrado em Estudos Étnicos e Africanos pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (Pós Afro- Ufba). Intitulada O Discurso da Luz, sob orientação do professor Cláudio Luiz Pereira, sua dissertação foi apresentada em dezembro de 2009. O trabalho analisou uma coleção de 1.492 fotografias pertencentes ao acervo do Cedoc A TARDE. 

Em 2013, Cleidiana Ramos passou a lecionar na Faculdade 2 de Julho onde ficou até 2020. Nessa instituição coordenou o curso de pós-graduação em Comunicação Organizacional e desenvolveu e implantou a pós-graduação em Comunicação e Diversidade. 

Também em 2013, Cleidiana ingressou no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Ufba (PPGA). A tese intitulada Festa de Verão em Salvador que analisou uma coleção de 2690 fotografia e cerca de sete mil reportagens publicadas de 1912  a 2016 sobre as festas de largo em Salvador foi defendida em 4 de  dezembro de 2017. A orientação foi da professora Fátima Tavares. 

Em 2016, durante dois semestres, Cleidiana Ramos atuou como professora substituta na Facom Ufba em disciplinas ligadas a cibercultura.  Desde 2018, Cleidiana Ramos é professora visitante no Departamento de Educação do Campus XVI da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), sediado em Conceição do Coité. Suas atuações na unviersiade estão no campo de cibercultura, gênero, questão étnio-racial, antropologia da festa, antropologia da religião e gêneros jornalísticos.   

O Projeto

I-Omi é um projeto concebido para celebrar os 25 anos da carreira no jornalismo de Cleidiana Ramos.  O nome é uma tradução livre do tupi I (Grande) e a palavra iorubá Omi que significa água. Dessa forma estão juntas duas das referências pessoais da autora que nasceu em Cachoeira, mas cresceu em Iaçu, uma área sertaneja, e vive em Salvador, que tem como uma de suas heranças africanas a cultura nagô. O iorubá é a principal língua usada por esse grupo cultural. Como iaô do Terreiro do Cobre, de nação ketu, que tem como referência civilizações vindas da atual Nigéria, Cleidiana Ramos identifica-se, portanto, como uma mulher negra, de ascendência afro-sertaneja. A sua prática no jornalismo está permeada por essa ascendência que ela foi descobrindo ao longo da sua trajetória profissional. 
Em 2023 Cleidiana Ramos pretende fazer o lançamento de obras que traduzem a sua trajetória no jornalismo, na universidade e experimentações próximas da literatura. Além disso, estão programados eventos presenciais em Iaçu e Salvador.  

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