Ao longo da sua trajetória, sobretudo acadêmica, Cleidiana Ramos encontrou pessoas que lhe deram apoio e orientação na formação e trânsito sobre temas.
Rosângela Vieira Rocha– Jornalista e escritora, Rosângela Vieira Rocha tem uma obra que analisa diversas questões sob a perspectiva feminina, mas nem por isso pode ser classificada como uma narrativa fechada em um universo específico. Como autora ela transita sobre os mais variados temas com uma escrita que emociona. A obra de Rosângela é de observação, mas ao mesmo tempo suas personagens conseguem transitar em campos que não nos permite aprisiona-las em uma categoria única e, por isso, não se repetem. Rosângela tem 13 livros publicados, inclusive infanto-juvenis. Algumas das obras mais conhecidas da autora nascida em Inhapim, Minas Gerais são Véspera de Lua, O Indizível sentido do amor e Nenhum espelho reflete o seu rosto.
Foi Rosângela Vieira Rocha que, por meio da disciplina Estudos Orientados em Jornalismo, fez Cleidiana Ramos descobrir a sua paixão pelo jornalismo literário e o consequente trabalho que resultou no projeto para Os Caminhos da Água Grande.
Cláudio Luiz Pereira– Doutor em antropologia, Cláudio Luiz Pereira é especializado, sobretudo, nos estudos sobre imagem. É autor de diversos trabalhos acadêmicos como Baia de Todos os Santos: Aspectos Humanos organizado em conjunto com Carlos Caroso e Vivaldo da Costa Lima – Intérprete do Afro-Brasil. Salvador, que escreveu ao lado de Jeferson Bacelar.
Pereira é um dos intelectuais que Cleidiana Ramos mais admira e com quem construiu uma relação de amizade nascida no processo de orientação para o mestrado. Uma das marcas do antropólogo é conhecimento amplo sobre teoria antropológica e uma busca constante por tudo que há de novo em debate especialmente no campo da imagem e da etnografia.
Fátima Tavares– Foi sob a orientação de Fátima Tavares que Cleidiana desenvolveu sua tese de doutorado e se apaixonou pelo campo da antropologia da festa´. Fátima Tavares é uma das mais conhecidas pesquisadoras desse campo além do seu interesse por grupos tradicionais e suas práticas, sobretudo relacionadas à saúde.
Fátima Tavares foi a principal incentivadora para que Cleidiana se dedicasse com mais afinco à produção de artigos acadêmicos e, mesmo depois da defesa da tese, costuma convidá-la para participar de coletâneas e escrever artigos em conjunto. Fátima Tavares é a organizadora de diversos trabalhos com destaque para Festas na Baía de Todos os Santos, que organizou ao lado de Francesca Bassi; Religiões e temas de pesquisa contemporâneos, organizado em conjunto com Emerson Giumbelli; Inventário das Festas e Eventos na Baía de Todos os Santos, que organizou com Carlos Caroso, Francesca Bassi e Cleidiana Ramos, dentre outros.
Roberto Albergaria– De fonte para matérias jornalísticas, Roberto Albergaria se tornou um dos grandes amigos de Cleidiana e o principal incentivador para que ela voltasse à universidade para o mestrado e o doutorado. Nas conversas que tinham duração de horas, ele não apenas respondia às suas demandas para a reportagem, mas, algo que ela só percebeu mais tarde, a formou nas questões básicas da antropologia.
Além disso, foi Albergaria quem a conectou com diversas pesquisadoras e pesquisadores. Nos projetos que Cleidiana assumiu para o jornal, geralmente, era ele quem lhe dava as bases teóricas para desenvolver as abordagens.
Antes de morrer em 2013, Albergaria lhe presentou com uma coleção de livros sobre festas, pastas com a coleção de suas anotações sobre as comemorações populares e outros eventos, além de uma cópia da sua tese de doutorado. Neste caso específico lhe disse que era uma lembrança afetiva, o que emociona Cleidiana até hoje, pois essa tese era considerada por ele como um segredo de estado. Além de conhecimento, Albergaria despertou em Cleidiana uma admiração pelo riso e pelo deboche considerados por ele duas grandes instituições da Bahia.
I-Omi é um projeto concebido para celebrar os 25 anos da carreira no jornalismo de Cleidiana Ramos. O nome é uma tradução livre do tupi I (Grande) e a palavra iorubá Omi que significa água. Dessa forma estão juntas duas das referências pessoais da autora que nasceu em Cachoeira, mas cresceu em Iaçu, uma área sertaneja, e vive em Salvador, que tem como uma de suas heranças africanas a cultura nagô. O iorubá é a principal língua usada por esse grupo cultural. Como iaô do Terreiro do Cobre, de nação ketu, que tem como referência civilizações vindas da atual Nigéria, Cleidiana Ramos identifica-se, portanto, como uma mulher negra, de ascendência afro-sertaneja. A sua prática no jornalismo está permeada por essa ascendência que ela foi descobrindo ao longo da sua trajetória profissional.
Em 2023 Cleidiana Ramos pretende fazer o lançamento de obras que traduzem a sua trajetória no jornalismo, na universidade e experimentações próximas da literatura. Além disso, estão programados eventos presenciais em Iaçu e Salvador.